A psicoterapia como abertura de horizontes
- Carolina de Souza Sampaio
- 10 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de jun. de 2024

O funcionamento do espaço da psicoterapia pode gerar estranhamento porque estamos acostumados a buscar respostas prontas. Talvez por isso os livros de auto-ajuda sejam tão procurados, porque há aí caminhos que serviram para alguém e são ofertados para todos. Desde o início da vida costumamos ser “educados” a uma reprodução, numa repetição do “certo”. Em geral esse é o mesmo modo como lidamos com profissionais de saúde: buscamos receitas, prescrições para as nossas vidas.
A psicoterapia tem o desafio de romper com esse lugar e promover uma relação mais horizontal. Entre tantas imposições e espaços de moralização da existência, a clínica pode ser um espaço que nos promove a liberdade de questionar nossas vidas, sem modelos pré-fabricados, podendo fazer o exercício de “escolher a escolha”, estando abertos a criações de caminhos mais singulares.
Para produzir transformações podemos recorrer a muitas estratégias, justamente porque elas não ocorrem só em terapia, mas na vida. Esse processo de conhecimento de si passa por perceber o que ocorre em si nas conexões que faz com o mundo, construir um cuidado que já é inevitavelmente ligado a relação com o outro.
Nas palavras de Júnior, (2005): “Nas sociedades contemporâneas, vivemos de forma cada vez mais acentuada a impossibilidade de escolher o nosso modo de ser. (...) essas escolhas nos são impostas pelo campo sociopolítico, e cremos escolher, quando na verdade consumimos escolhas predeterminadas." Uma psicoterapia tem como função ampliar essas possibilidades no olhar para a vida, o que podemos chamar de “escolha da escolha”: faz surgir no horizonte a abertura de novos caminhos.
Referência: Júnior, Alterives Maciel. O problema da escolha e os impasses da clínica na era do biopoder. Em: Polifonias Clínica, política e criação.