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Inveja e admiração

  • Foto do escritor: Carolina de Souza Sampaio
    Carolina de Souza Sampaio
  • 3 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 16 de jun.

A inveja é um afeto malquisto e que evitamos reconhecer em nós, a fim de preservar uma autoimagem positiva. Porém, longe de qualquer moralismo, praticar um olhar sem julgamentos e com a aceitação do que se sente, permite compreender o que o afeto está comunicando e como buscar transformá-lo. O ato do olhar excessivo para o caminho do outro, bem como a comparação, costuma informar ressentimento com a própria vida, insatisfação com as próprias escolhas.


São questões imaginárias que constroem a suposição de como é estar na pele do outro, sem compreender seus desafios e complexidades. Inspirado pelas leituras de Freud e Spinoza, Bosco (2012) fala sobre como a inveja pressupõe a admiração, ao menos em estado latente: "a inveja deseja aniquilar aquele cujo brilho ele reconhece". Assim, a inveja surge quando estivermos diante de alguém que "realiza em si, a nosso ver, as características que gostaríamos de possuir".


Ainda nessa perspectiva, uma saída interessante para esse afeto, é perceber o que fundamenta essa admiração de onde parte a inveja. Ao olhar para o que admiramos no outro, nos informamos sobre os próprios desejos.


A origem da palavra admiração, onde há o prefixo ad, sugere a ideia de ir "em direção a algo", assim, o termo nos dá pistas de como perceber este afeto pode ser produtivo. O movimento do olhar invejoso, ao olhar que foca na admiração, é uma saída da posição triste e impossível em "ser o outro", para perceber quais características desejamos construir em nós. Reconhecer esses afetos em si e ter a coragem de pensar sobre eles, pode permitir essa passagem da posição paralisante da inveja, para um afeto produtivo, que aumenta nossa capacidade de agir na vida.


Referência: Bosco, Francisco. Alta ajuda. Rio de Janeiro: Foz, 2012.


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Psicóloga Carolina Sampaio | CRP 03/18064

(75) 991318801 | carolinasampaiopsi@gmail.com

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