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O sofrimento é um desequilíbrio químico?

  • Foto do escritor: Carolina de Souza Sampaio
    Carolina de Souza Sampaio
  • 19 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 28 de mai.

É um desafio falar sobre os fenômenos de sofrimento humano saindo da polaridade vida versus processos químicos e neurológicos. Nas gramáticas que utilizamos, é como se a química do corpo tivesse em oposição ao que se passa na vida, nos processos psicossociais que compõem a existência.


Porém, "a pele é porosa" e nossas relações com o mundo nos constroem a todo momento. A vida muda a química cerebral e vice-versa. O fato de um medicamento para depressão funcionar atenuando o sofrimento, por exemplo, não significa que a causa da depressão era a falta dessa substância. (Assim como a causa da hipertensão arterial não é a falta da medicação usada no tratamento, por mais que possa funcionar).


Nesse sentido, é necessário compreender esses temas de forma complexa, compreendendo a que nos serve determinadas explicações dos fenômenos. É uma falácia crer que a depressão é originada por um "aleatório e inesperado" desequilíbrio cerebral, bem como a ideia de que precisaria permanecer por toda a vida, pois haveria uma disfunção.


Assim... Quais as alternativas aos diagnósticos de transtornos mentais? A linguagem dos neurotransmissores como dopamina, serotonina... descrevem processos e substâncias associadas ao que acontece fisiologicamente em nós. Mas é uma escolha política na linguagem falar de como vivemos e do sofrimento como “desequilíbrios químicos” ou como processos sociais. E isso faz com que a intervenção também se direcione para lugares diferentes: o foco pode ser na "regulação" por substâncias ou no questionar nossas relações com o mundo.


Essa não é uma crítica ao uso das medicações, que pelo contrário, podem ser úteis e trazer benefícios nos processos de cuidado. Se trata de questionar as implicações de quando nossa linguagem para o sofrimento está mais voltada para o cérebro e substâncias, que para a vida e os processos relacionais, políticos, econômicos, sociais que nos compõem.



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Psicóloga Carolina Sampaio | CRP 03/18064

(75) 991318801 | carolinasampaiopsi@gmail.com

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