O amor não dá garantias
- Carolina de Souza Sampaio
- 19 de mai.
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Atualizado: 3 de jun.
Muitas pessoas se dão conta de que passam a dedicar a vida a buscar validação a partir da exclusividade de alguém, e essa busca, além de infértil e impossível, é adoecedora. Aceitar a quebra de narcisismo em aceitar que assim como nosso desejo circula na vida, os desejos das pessoas que amamos também não é exclusivo de alguém, permite a leveza em abandonar ilusões de controle.
A manutenção do engano de que seria possível dominar o desejo do outro é que mantém pessoas (principalmente mulheres, por questões culturais) buscando ser -tudo aquilo- que supõe que o outro espera, bem como ver outras pessoas e relações como adversárias, o que tira o fruir e limita as próprias experiências. Além disso, essa suposição faz com que o autovalor fique condicionado e mediado pelo olhar de um outro.
Ainda que seja no exercício da coletividade que formamos sentidos sobre quem somos, definir quem se é pela exclusividade e eternidade do amor de alguém desafia qualquer senso de justiça. Tentar alcançar esse ideal romântico acaba por ser um exercício de crueldade consigo. Nas palavras de Nuñez, (p.94, 2023): "Não há moeda de troca possível que pague a garantia de que a pessoa que namoramos não vai desejar, se apaixonar e/ou amar outras pessoas além de nós. Essa garantia não existe, e reconhecer isso pode ser muito libertador".
Referências.
Núñez, Geni. Descolonizando afetos. Experimentações sobre outras formas de amar. 5° edição- São Paulo: Planeta do Brasil, 2023.
