O que é o inconsciente?

Desde a popularização do conceito de Inconsciente com Freud, sabemos que há algo no Eu além do corpo físico e da razão consciente, algo que faz contato com o desconhecido, que escapa a identidade. O que chamamos de Inconsciente é esse campo que nos surpreende com pensamentos, afetos, desejos inesperados. Acessar esse saber é permitir a escuta desses aspectos que não correspondem ao "eu" que reconheço e apresento ao mundo.

Permitir as passagens do inconsciente é permitir a mudança, a surpresa, os fluxos e diferenças que nos compõem... Por vezes também o desconforto e a incerteza sobre "quem sou". É também dar lugar ao que há de mais singular e genuíno: o que traz sentir e sentidos que nos mantém vivos. É onde brota o desejo. É perceber que o desejamos o que nem sempre queremos, pode até opor-se a isso, na verdade. Um exemplo é que apesar de ter todas as "razões" para não amar ou amar alguém, não é isso que define um afeto.

Longe de qualquer mistério, o campo inconsciente em nós não é algo que se esconde. Não é profundo. Aparece no agir, no pensar, no falar. É um campo de produção contínua com a vida. Insiste em aparecer e "anima" a existência. Por isso também não é um só, não se trata de "O desejo inconsciente", mas uma rede de conexões que fazemos com a vida. Por essa característica, saber sobre Isso, nos ajuda a fazer melhores escolhas e rever pensamentos arraigados.

Quando alguém se questiona sobre o enigma de determinados comportamentos, sintomas e repetições, há aí um convite para escutar essa dimensão. Um processo terapêutico é uma das formas de acessar esse saber e agenciar transformações, buscando ser mais integrados e autênticos ao acolher outras "partes" de si. Quando isso ocorre, sintomas e repetições que permaneciam em nossa vida como sinal desses conflitos, deixam de ser necessários.