O que pode uma mulher?
- Carolina de Souza Sampaio
- 24 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de mai.
Por que saber sobre sociedades matriarcais que viveram há milênios tem implicações em como vivemos hoje? A leitura de um livro nomeado "quando deus era mulher", me abriu horizontes no modo de compreender as relações de gênero. Entender que a separação de gênero na história foi produzida por lutas e divisões de poder, nos permite compreender que o lugar social destinado as mulheres hoje é resultado de processos de dominação.
Encontrar esta história apagada do nosso ensino, mostra que nem sempre na humanidade a figura da mulher foi subjugada ou diminuída. Quando compreendemos que "deus já foi mulher" em muitas civilizações, fica claro como a sociedade já foi dirigida por mulheres. A forma como uma sociedade configura as suas religiões e ritos está associada ao status social que é dado a esses membros. Em sociedades que representavam as deidades como figuras femininas, mulheres estavam nos espaços de poder e o representavam em símbolos associados ao âmbito religioso.
Conhecer esse passado, evidencia que não há nada "natural ou biológico" que privilegie um lugar subjugado para mulheres, como muitas ideologias tentam fazer crer. Ao contrário, se ilumina a noção de que o lugar hostil destinado a mulheres é resultado de uma história de dominação social, plena em estratégias e símbolos para manter divisões sociais e privilégios a alguns grupos humanos.
Resgatar essas histórias, bem como celebrar figuras femininas na nossa cultura, contribui para o resgate da autoestima da mulher enquanto ser capaz, completo e múltiplo. Muito dos adoecimentos que encontramos estão associado as relações de gênero: crenças de incapacidade, inadequação e idealizações sobre performances que estão entranhadas nas representações que nos acessam no desenvolvimento. Parte da iniciativa em retomar um lugar social digno e justo para as mulheres, surge do reconhecimento da nossa potência e autenticidade em existir. Releituras da história, da arte e as manifestações culturais podem somar muitíssimo nesse processo.
"Na antiga sociedade matriarcal, as mulheres eram vistas como portadoras da vida e da sabedoria, não apenas como mães, mas como líderes espirituais e comunitárias"
Merlin Stone
