Solidão e vínculos familiares
- Carolina de Souza Sampaio
- 17 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de mar.
O espaço familiar costuma ser o das primeiras relações das pessoas, onde passam a maior parte do tempo na infância. Muito a partir dos laços familiares, aprendemos a nos nomear e construir o lugar que ocupamos no mundo, como somos vistos e o que esperar das relações.
A partir disso vamos nos situando e criando concepções sobre nós que não são necessariamente verdadeiras, apenas contextuais. Por mais violentas que sejam algumas dessas relações, frequentemente as pessoas se aprisionam a idealizações em que deveriam viver bem com seus familiares, caso contrário, os conflitos diriam de uma falha desse ser humano em ser amado e aceito. Nesse movimento de culpa, por vezes se submetem a manutenção de relações em que perdem autonomia e dignidade em nome de uma expectativa de aceitação.
A questão é que as relações são complexas, e seja qual for o conflito, não envolve apenas uma pessoa ou situação. Muitas vezes os conflitos emergem nas relações familiares trazendo a oportunidade de revisar padrões de funcionamento injustos ou violentos, e ninguém necessita se manter em dinâmicas assim em nome da idealização do que seria "família".
A boa notícia é que para além dos vínculos a partir dos quais primeiro nos conectamos com o mundo, sempre há possibilidades de construir apoio, solidariedade e relações amorosas pelos caminhos. Nem todos precisam renovar os laços em família, porque nem sempre isso é possível. Importante é poder cuidar de si e das pessoas que formam nossas redes de cuidado, e conexões de "família" que nem sempre envolvem laços biológicos.
"Farto como estava de ser sozinho, aprendera que a família também se inventava".
Valter Hugo Mãe, O filho de mil homens.
